Um a cada cinco idosos internados por gripe morreu no Brasil em 2024. A taxa de letalidade foi de 21,7%, número quase quatro vezes maior do que o de óbitos em pessoas abaixo de 60 anos (6%) pela mesma doença. Os dados são do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe) do Ministério da Saúde. O levantamento ainda mostra que houve um aumento de 157% no total de mortes em idosos em relação a 2023.
O estudo também revela que as hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada pela influenza no grupo 60+ cresceram 189% na comparação a 2023. A alta também foi refletida nas internações em UTI, que elevaram 187%. A pesquisa ainda evidencia que a temporada de aumento nas issões de idosos nas unidades de urgência começa no mês de março.
Os dados preocupam as autoridades de saúde e despertam atenção, uma vez que a população brasileira está cada vez mais envelhecida. Conforme o Censo 2022 do IBGE, em 2046, as pessoas com mais de 60 anos vão ser maioria no país, chegando a 28%. Em 2070, esse indicador deve subir para 37,8% – ou seja, mais de 1 em cada 3 brasileiros será idoso.
“Nos próximos 20 anos, a população com mais de 80 anos no Brasil deve quadruplicar. É um grupo que precisa ter saúde. E nesse sentido, as vacinas fazem parte da promoção e é um dos pilares do envelhecimento saudável,” destaca a presidente da Comissão de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Maisa Kairalla.
Queda na vacinação
Mesmo sendo a forma mais eficaz de reduzir internações, complicações e mortes, a taxa de vacinação em pessoas acima de 60 anos caiu para 50% em 2024. O indicador estava em 63,3% no ano anterior. A infectologista do Instituto Emílio Ribas, Rosana Richtmann, diz que, pela primeira vez na história, a imunização desse público foi menor que nas gestantes e crianças.
“Isso nunca tinha acontecido. O grupo de idosos sempre foi o de mais fácil adesão à vacinação. A gente tinha que fazer muito mais campanhas com gestantes e crianças do que com a faixa etária acima de 60. Isso se inverteu em 2024. Os números possivelmente refletem isso”, conta a infectologista.
Complicações
A imunossenescência, processo natural de envelhecimento do sistema imunológico do idoso, é o que o torna mais vulnerável às complicações do vírus da influenza. Conforme Richtmann, a pneumonia e a insuficiência respiratória são algumas das mais comuns, porém existem as cardio-cerebrovasculares.
“Como a gripe é uma doença sistêmica, ela inflama os vasos vermelhos também. Existe uma parede dentro do vaso sanguíneo que quando inflamada faz com que as placas que a gente vai acumulando ao longo da vida se soltem e acabem causando complicações, como hipertensão cardíaca, infarto, AVC, dentre outras,” explica Rosana.
Além da gripe
Nesta terça-feira (26/3), a Sanofi Brasil promoveu, em São Paulo (SP), o debate “Além da gripe: riscos e impactos provocados pelo vírus da influenza”. Em 2023, a farmacêutica sa trouxe para o Brasil a vacina quadrivalente Eflueda, projetada para oferecer maior proteção aos idosos contra a gripe e suas complicações. O imunizante está disponível na rede particular de saúde.
“Em todo o mundo, ao longo de 12 temporadas de gripe, nossos estudos com a vacina de alta dosagem já envolveram mais de 45 milhões de pessoas. Com isso, buscamos apoiar os sistemas de saúde com informações consistentes para a tomada de decisões que possam melhorar a proteção das pessoas, principalmente os grupos mais vulneráveis”, enfatiza o gerente geral de vacinas da Sanofi, Guillaume Pierart.
Campanha Nacional de Vacinação
A campanha nacional de vacinação contra a influenza começa no dia 7 de abril. A meta do Ministério da Saúde é imunizar 90% dos chamados grupos prioritários, que incluem crianças de 6 meses a menores de 6 anos, idosos, gestantes, puérperas, pessoas com doenças crônicas, pessoas com deficiência, profissionais de saúde e professores, dentre outros. (Repórter viajou a convite da Sanofi Brasil)
O Tempo