A Justiça determinou a suspensão da nomeação dos aprovados em um concurso da Prefeitura de Tiros, cidade com menos de 10 mil habitantes no interior de Minas Gerais. O processo seletivo é investigado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) após diversas denúncias de possíveis fraudes.
A reportagem teve o aos autos do processo. Segundo o MPMG, “25 dos 29 cargos disponibilizados no edital e seus respectivos resultados apresentam fortes indícios de favorecimento pessoal de candidatos“. Veja mais detalhes sobre as denúncias abaixo.
As investigações do MPMG apontaram que muitos dos aprovados e classificados dentro das vagas já ocupavam cargos na istração Municipal, sem concursos, ou eram parentes de pessoas que ocupam tais cargos.
Além disso, muitos dos candidatos aprovados alcançaram notas “exemplares”, ando dos 90% de aproveitamento na prova, o que levantou suspeitas.
Com isso, o juiz da Vara Única de Tiros, Luis Mário Leal Salvador Caetano, determinou que a Prefeitura Municipal de Tiros está proibida de nomear as pessoas que constam na lista de aprovados no concurso. Agora, o Município tem um prazo de cinco dias após a notificação para recorrer.
A reportagem procurou a advogada Mikaella Layla Gontijo Amaral, que é assessora jurídica da Prefeitura e que, conforme o processo, atuou na comissão organizadora do concurso. Pelo telefone, ela informou que não foi autorizada a se manifestar sobre o caso.
A reportagem também entrou em contato por e-mail com a Prefeitura para pedir um posicionamento sobre a suspensão do concurso e aguarda retorno.
Concurso foi alvo de denúncias
Ao todo, o concurso abriu 90 vagas para 29 cargos, como médicos, dentista, técnicos em enfermagem, assistente social e auxiliar istrativo. As provas foram aplicadas no dia 18 de dezembro de 2022, e o resultado foi publicado no dia 20 de janeiro. Já em 24 de fevereiro, a Prefeitura homologou o resultado.
Porém, após a divulgação da lista de classificados, o MPMG recebeu várias denúncias que apontavam possíveis fraudes. Uma delas indicou que havia venda de gabaritos para candidatos. Também houve relatos de assessores e funcionários da Prefeitura que teriam participado da elaboração do edital do concurso e que foram aprovados na prova.
Além disso, uma das candidatas foi aprovada com 29 acertos nas 30 questões do teste, mesma nota obtida pela filha dela, também classificada para o mesmo cargo. Porém, testemunhas ouvidas pela Promotoria de Justiça disseram que essa candidata havia afirmado ter ido mal no exame e que “entregou os resultados na mão de Deus”.
Candidata aprovada errou quase metade das questões
Com as denúncias, o MPMG cumpriu 13 mandados de busca e apreensão na cidade e na empresa que elaborou o concurso, que fica em Andrelândia.
Em um dos locais, os agentes encontraram um caderno de provas de uma das candidatas que mostra que ela teria acertado menos de 60% das questões. No entanto, essa mesma candidata aparece entre os aprovados no concurso com nota acima dos 90%.
Além disso, foi observado que muitos dos candidatos aprovados são contratados da istração Municipal, sem concurso. Eles ocupavam vagas de cargos comissionados, agentes políticos e cabos eleitorais do chefe do Executivo.
g1